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Por que ter uma alimentação baseada em plantas?



A recomendação científica de ter uma alimentação baseada em plantas (ou plant based diet) se refere a manter uma dieta que contenha majoritariamente alimentos vegetais, integrais e naturais (cereais, leguminosas, vegetais, frutas, oleaginosas).


No canal da Escola de Nutrição há uma playlist com documentários recomendados sobre nutrição, saúde e alimentação vegetal. Dentre eles, há o What the health (2017), que disserta sobre a relação da alimentação centrada em alimentos de origem animal com o desenvolvimento de doenças, assim como maior exposição a antibióticos, questões ambientais e surgimento de pandemias.

Há uma relação da alimentação com o desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, diabetes, obesidade e hipertensão, por exemplo.


A Organização Mundial de Saúde (OMS), após uma detalhada revisão de estudos declarou que carnes processadas (presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela, peito de peru e blanquet de peru por exemplo) foram classificadas no grupo 1 de evidência como carcinogênicas para seres humanos. A carne vermelha não processada (carne bovina, de vitela, porco, cordeiro, carneiro, cavalo ou cabra) foi classificada como parte do grupo 2A, sendo provavelmente cancerígena para humanos.


Uma das maiores críticas acerca da adoção de uma dieta baseada em vegetais é de que ela seria prejudicial à saúde, assim como incompleta. Esse conceito não é fundamentado na ciência, que aponta não só segurança, como adequação de macronutrientes e fibras.


As fibras são importantes para o funcionamento do organismo e manutenção de uma microbiota intestinal saudável, e não estão presentes nos alimentos de origem animal.


A falta de proteína é outro questionamento que surge em dietas baseadas em vegetais, o documentário The Game Changers lançado em 2018 apresenta estudos científicos que explicam que a proteína animal não é superior à vegetal.

Proteínas são cadeias de aminoácidos, os que não são produzidos pelo corpo são chamados de essenciais e devem ser ingeridos através da alimentação. Alimentos de origem vegetal contém todos os aminoácidos essenciais, alguns em menor quantidade que outros, algo que é totalmente balanceado e suprido com uma dieta comum brasileira, já que comemos diferentes alimentos ao longo do dia.


Arroz por exemplo tem menor quantidade de lisina, e feijão menor quantidade de metionina, o consumo desses dois alimentos é complementar e já forma uma proteína completa com todos aminoácidos essenciais, sem necessidade de inclusão de uma proteína animal.


Comer carne para ficar forte é uma crença popular dissipada até mesmo entre crianças, mas o fato é que o consumo de carnes, ovos e laticínios não é sinônimo de força muscular, assim como a capacidade de ter um corpo musculoso não é exclusividade de quem consome esse tipo de alimentos.


O documentário também relata que a dieta dos gladiadores e a dieta paleolítica eram compostas predominantemente de vegetais, portanto homens das cavernas e da antiguidade não dependiam da proteína animal para garantir a evolução da espécie humana.


Além de The Game Changers apresentar a trajetória e o desempenho de atletas plant based, ressalta os benefícios desse tipo de alimentação para a população geral. Vegetais são ricos em fitoquímicos, antioxidantes, minerais e vitaminas, que são benéficos para microbiota intestinal e saúde integral. Plantas têm 64 vezes mais antioxidantes que alimentos de origem animal, o que colabora com a melhora de exames de sangue, recuperação de lesões e menor risco de doenças cardiovasculares.


Além disso, crenças populares de que “homem de verdade come carne”, “vegetarianos são fracos” e “vegetais são alimentos afeminados” são questões sem fundamento científico. Inclusive parâmetros acerca de uma boa virilidade masculina são favorecidos como uma dieta baseada em plantas, que pode estar associada a força, resistência, fertilidade e potência sexual.


No site da Escola de Nutrição na guia “biblioteca” há recomendações de autores nacionais e internacionais que estudam sobre a temática das dietas plant based.


Dentre os autores internacionais: Michael Greger (médico, escritor e palestrante), Brenda Davis (nutricionista e palestrante aclamada internacionalmente), Neal Barnard (pesquisador clínico e presidente fundador do Comitê de Médicos pela Medicina Responsável), Dean Ornish (pesquisador, presidente e fundador do Instituto de Pesquisa em Medicina Preventiva- Califórnia e professor clínico), Michael Pollan (pesquisador, escritor e autor de best-sellers do New York Times), Carlos González (pediatra, fundador e presidente da Asociacição Catalana Pro Lactancia Materna), Melanie Joy (psicóloga social e autora americana), Otto Wolff (médico e autor do livro o que comemos, afinal?).


Há diversas referências para estudo do tema, a mensagem principal é que até mesmo para onívoros, comer carne e ovos não exclui a necessidade de comer vegetais, leguminosas e cereais.


O acesso a uma alimentação de alta qualidade nutricional - quantidade adequada de alimentos vegetais, integrais e naturais, assim como redução do consumo de alimentos de origem animal- é um dos maiores investimentos de saúde pública para prevenção e tratamento de doenças. Para além da saúde humana, a adoção de uma dieta baseada em vegetais é benéfica e essencial para saúde planetária e animal.


Nutricionista Valkiria Assis

CRN-3 71936/P


Referência

Slywitch, Eric. Guia de Nutrição Vegana para Adultos da União Vegetariana Internacional (IVU). Departamento de Medicina e Nutrição. 1a edição, IVU, 2022.


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