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Diferentes faces da fome e combate às desigualdades sociais

Atualizado: 28 de mar. de 2022



A fome tem muitas formas: pode ser individual ou coletiva, total ou parcial, endêmica (duradoura) ou epidêmica (passageira). Além disso, há a fome oculta, caracterizada pela falta permanente de alimentos e/ou nutrientes, quando grupos inteiros de pessoas morrem lentamente apesar de comerem todos os dias.

Insegurança Alimentar e Nutricional é a falta de acesso a uma alimentação adequada do ponto de vista qualitativo e quantitativo. As consequências físicas são perda de peso, desnutrição, obesidade, carências nutricionais e outras doenças.


A deficiência de micronutrientes gerados em situação de fome crônica, é causada pela baixa ingestão de alimentos fonte de vitaminas e minerais (frutas, legumes, verduras, leguminosas e cereais por exemplo), associada ou não a uma baixa absorção desses nutrientes pelo intestino.


É comum a deficiência de iodo, ferro, vitamina A e zinco nas populações em situação de insegurança alimentar, representando os maiores problemas de saúde pública global e trazendo graves consequências associadas, como anemia ferropriva e queda do sistema imunológico.


A fome oculta não está presente apenas em indivíduos com baixo peso, mas é também prevalente em indivíduos em situação de obesidade ou sobrepeso. Estudos indicam que adultos e crianças com obesidade podem ter status de micronutrientes mais baixo do que o normal. Concomitantemente, a prevalência de deficiência de micronutrientes como vitaminas C e E, folato e B12, pode ser mais elevada em pessoas com IMC maior. Comparadas a mulheres em eutrofia, mulheres obesas podem apresentar níveis mais baixos de folato, vitaminas C, E e D, bem como maior estresse oxidativo e inflamação.


Nesse contexto, políticas públicas, cooperativas e ONGs têm um papel importante no combate à insegurança alimentar e nutricional. O Instituto de Solidariedade para Programas de Alimentação (ISA), é uma ONG que atua dentro da Ceasa Campinas, com o objetivo de combater a fome e o desperdício, realiza o aproveitamento do excedente de hortifrútis e incentiva doações dos comerciantes.


O projeto faz a estocagem dos alimentos doados em câmaras frias para melhor aproveitamento. A ONG realiza arrecadação das doações de frutas, verduras e legumes dos permissionários da Ceasa Campinas, em seguida seleciona, higieniza e distribui.


Em média 33 mil pessoas são contempladas por mês, as entregas são direcionadas à famílias em bairros de maior vulnerabilidade social da cidade de Campinas através do apoio da CEASA, da Assoceasa (Associação dos Permissionários da Ceasa Campinas) e de empresas mantenedoras.


Organizações como a ISA possuem um papel importante no combate às desigualdades sociais, reduzindo o nível de insegurança alimentar encontrado nos territórios.


A prefeitura de Campinas conta também com o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (COMSAN), que tem por objetivo o desenvolvimento de políticas locais, a serem implementadas a partir de iniciativas e parcerias da Municipalidade com a sociedade civil, tais como o banco de alimentos, incentivos à agricultura urbana e ao autoconsumo, restaurantes populares e modernização dos equipamentos de abastecimento.


Apesar do assistencialismo ser importante no combate à fome no Brasil, ele não substitui políticas públicas, já que a insegurança alimentar é uma questão estrutural e histórica, sendo expressão de desigualdades sociais relacionadas a gênero, classe social, idade, grupo étnico e geográfico. Entretanto, organizações não governamentais (ONGs) como a ISA são uma via importante para fortalecer políticas de Estado, e portanto devem também ser incentivadas.


Nutricionista Valkiria Assis

CRN-3 71936/P


Referências:


Bezerra, M.S. et al. Insegurança alimentar e nutricional no Brasil e sua correlação com indicadores de vulnerabilidade Ciênc. saúde coletiva. 2020 https://doi.org/10.1590/1413-812320202510.35882018



Frutuoso MFP, Viana CVA. Quem inventou a fome são os que comem: da invisibilidade à enunciação – uma discussão necessária em tempos de pandemia. Interface (Botucatu). 2021; 25: e200256 https://doi.org/10.1590/interface.200256


Jornal da USP. A fome não espera: são necessárias políticas públicas, além do assistencialismo.2021.


IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em:


IPEA. A PARTICIPAÇÃO DAS ONGS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS: O PONTO DE VISTA DE GESTORES FEDERAIS. 2014.


Prefeitura de Campinas. COMSAN.

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