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Como funciona o pré-natal no SUS?



O pré Natal é um período importante de proteção de saúde da criança e da gestante, nele devem ser desenvolvidas ações educativas e preventivas, detecção precoce de patologias e de situações de risco gestacional, estabelecimento de vínculo entre a pessoa gestante e o local do parto, e do fácil acesso a serviços de saúde de qualidade, desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar de alto risco. Condições como diabetes gestacional e síndrome hipertensiva gestacional, possuem tratamento dietético e apontam o papel essencial da nutrição durante o gestar.


O pré Natal pode ser realizado no SUS por qualquer gestante do país, isto é, todos os cidadãos brasileiros e pessoas residentes do Brasil, incluindo os usuários de planos de saúde.


Para dar início ao pré- natal no SUS, é necessário que a pessoa gestante procure a unidade básica de saúde mais próxima de sua casa para realizar o atendimento com o cartão nacional de saúde, caso não seja cadastrada no SUS esse cadastro é feito na própria unidade.


Segundo o Ministério da Saúde, o acompanhamento da gravidez deve incluir no mínimo seis consultas durante a gestação e mais uma depois do nascimento da criança. Além das consultas, existem vários procedimentos que a gestante realiza durante o pré natal, como exames laboratoriais e de imagem.


A frequência das consultas é mensal até a 28ª semana, quinzenal da 28ª semana até a 36ª semana e semanal da 36ª semana até o nascimento. Esses atendimentos podem ser intercalados entre enfermeiro e médico.


No SUS são realizados em média quatro exames de ultrassom, com o intuito de verificar tempo de gestação, localização da gravidez, quantidade de embriões, risco de doença genética, anatomia do feto e transluscência nucal, risco de má formação, o sexo do bebê, crescimento, peso e localização da placenta.

No Brasil, 82% dos partos na rede privada são cirúrgicos (cesarianas). Em contraponto, o SUS defende o parto humanizado, um procedimento que respeita o processo natural do nascer evitando condutas de risco para a mãe e o bebê, não estimulando cesáreas sem a devida indicação.


O SUS também conta com casas de parto como o Hospital Sofia Feldman (HSF), que é a maternidade de referência dos Distritos Sanitários Norte e Nordeste, e realiza cerca de 900 partos por mês e já recebeu diversas premiações sendo reconhecido como Hospital Amigo da Criança e da Mulher.


Apesar do aumento da cobertura do atendimento pré-natal no país, há diversas falhas que ainda precisam ser superadas. Um estudo publicado em 2019 apontou que 80,6% das mulheres realizaram o pré-natal adequado no Brasil. Entretanto, ele foi mais frequente entre as mulheres de cor branca e na rede privada. A região norte apresentou as menores frequências de pré-natal adequado, enquanto a região sudeste as maiores, demonstrando uma relação de menor renda com menor acesso ao pré natal.


Apesar da ampla cobertura, o pré-natal no Brasil ainda apresenta iniquidades e baixa qualidade no atendimento, especialmente entre mulheres das regiões mais pobres do país.


Há falhas na execução do pré natal nutricional do SUS, que apesar de tornar possível o acesso de gestantes cis e trans aos serviços de saúde, sofre cortes de verbas orçamentárias que prejudicam seu adequado funcionamento. As principais dificuldades são início tardio do pré natal, número inadequado de consultas e realizações incompletas dos procedimentos planejados, afetando a qualidade e efetividade do sistema.


Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo no município de Santos (SP), cujo índice de mortalidade infantil supera a média do estado de São Paulo, apontou que a baixa inserção do nutricionista no pré natal realizado pelas unidades básicas de saúde, foi o principal componente insuficiente da dimensão estrutura, interferindo negativamente na atenção nutricional, no qual poucas gestantes têm acesso ao acompanhamento do estado nutricional e realização de orientações nutricionais individualizadas durante o pré natal.


A pressão popular em defesa do fortalecimento do Sistema Único de Saúde é essencial para que o Estado garanta o acesso adequado de cuidado pré-natal a todas as pessoas gestantes, principalmente aquelas mais afetadas com o sucateamento do SUS - mulheres pobres, negras e pardas, homens trans, entre outros grupos sociais em vulnerabilidade-, incluindo o acesso à atenção nutricional pré-natal e puerperal para atingir a integralidade do cuidado.


Nutricionista Valkiria Assis

CRN-3 71936/P


Referências:

CARTÃO SUS. Como é feito o Cadastro SUS? Como fazer o cartão do SUS. 2022. https://cartaodosus.info/cadastro-sus/


CARTÃO SUS. Pré Natal SUS 2022: Como fazer Pré-Natal pelo SUS, consultas, exames, vacinas e ultrassons!. 2022. https://cartaodosus.info/pre-natal-sus/


LAPORTE-PINFILDI, A.S. et al. Atenção nutricional no pré-natal e no puerpério: percepção dos gestores da Atenção Básica à Saúde. Rev. Nutr. 29 (1) 2016 https://doi.org/10.1590/1678-98652016000100011


MARIO D. N. et al. Qualidade do Pré-Natal no Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Ciênc. saúde colet. 24 (3). Mar 2019. https://doi.org/10.1590/1413-81232018243.13122017


SOFIA FELDMAN. Sobre o Sofia. 2022. https://www.sofiafeldman.org.br/


TOMASI, E. et al. Qualidade da atenção pré-natal na rede básica de saúde do Brasil: indicadores e desigualdades sociais. Cad. Saúde Pública 2017, doi: 10.1590/0102-311X00195815.


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